Dá licença não vão me levar a mal
Fiquem calmos
Nas cenas que eu passo a narrar
Nestes salmos
As cenas que nos relegam
Nos chegam das imagens da tv
E nos chocam e nos cegam
Porque os olhos não querem ver
Cenas, que roubam nossa confiança,
Mas nós sabemos
E cremos
Que somente no Pai temos esperança
É irmãos, prestem atenção nesta parábola
A palavra não é um palavrão
Mas também não é uma fábula
É só uma maneira de dizer a situação
Sobre um jardim de pedras
Voam pássaros de asas quebradas
Passa carros a toda velocidade
No banco passageiro,
Pessoas desesperadas
Rosas rotas rasgadas
Pelos espinhos dessas redes
Caminham palavras duras
Folhas tortas pelas ruas
Sem nenhum tema
Pra viver, procurando algum sistema.
Aqui um escrito jardim
De palavras troncos cortados
Desviando a atenção de discípulos trabalhados
Sobre os ombros da grama
Descobrindo alguma coisa que se ama
Em fios de raízes pontas de pavios
Bandidos distribuindo migalhas de pólvora em navios
Os pavios que estavam prestes a explodir
Nas faixas de pedestres
Sem ter para onde ir
As sub-espécies terrestres
Palavras galhos secos
Jogadas ao vento
As mesmas palavras-ecos
Andando acompanhando o movimento
Dormindo-sonhando
Ao relento
Nuvens sobrevoando o cimento
Imaginando
Um novo acontecimento
Nas cercas caídas do jardim
Devastadas rimas
Pixações nas folhagens
Mal conseguimos ler
Suas mensagens
É irmãos, virando as páginas
Da cidade
Na correnteza das avenidas
Cartazes chamados em outra língua
De outdoors
Com fotos inconciliáveis
Com a nossa vida e a nossa fome
Flores plásticas
De girassóis
Falsos sóis
Juntos na mesma esquina
Apagadas flores murchas nos faróis
Sementes nascidas
Do concreto
A soletrarem
Um alfabeto
De ervas daninhas
E folhas e mais folhas
Impressas
Da vida bela
De condomínios
Para cobrir nosso frio
O mal fornece-nos assassínios
Mas nós sabemos
Com o Senhor estamos juntos
A atravessar qualquer rio
É irmãos, o que podemos
Ver de verdade
No muito a ver
E pouco verde
O jardim da CIDADE
É um poema de plantas
Muitas plantas de edifícios
Propagandas priorizam a síntese
Na poluição comercial
Desprezando a fotossíntese original
Plantas muitas plantas
Nas mãos do ceifeiro.
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1 comment:
legal.......
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